Quando chego à minha mesa de trabalho é que vejo que me levaram o portátil, a agenda, todas as minhas coisas.
Os meus colegas estão sentados nas suas secretárias, tudo normal, ninguém me diz nada.
O chefe aponta-me o dedo, não fala, mas percebo que quer que vá junto dele e à medida que me aproximo aquele dedo toma proporções gigantescas, ocupa um espaço imenso, tapa-lhe a cara, todo ele é um indicador monumental, o resto do fisico desapareceu por completo, só aquele dedo gordo e grande ocupa a sua mesa, a sua posição de chefe.
Aproximo-me mas vou-me esquivando aos movimentos sob pena de ser atingido e esborrachado.
Todos os outros se mantêm nos seus lugares, ninguém parece achar esta situação anormal, só eu me interrogo como o dedo do chefe cresceu tão desmesurada e perigosamente.
Perto dele penduro-me no indicador, sinto-me transportado até uma secretária mesmo ao lado da do chefe, é a minha nova mesa de trabalho, o meu pc, as minhas coisas, a agenda aberta no dia com as reuniões marcadas, tudo está ali.
O dedo senta-me e volta à mão do chefe, ao tamanho normal, a um indicador com unha, pêlos nas costas da mão. O chefe mete as mãos nos bolsos e toma o seu lugar.
Não entendo porque estou ao seu lado. Nem tão pouco por que razão a minha mesa tem uma toalha de veludo vermelho a cobri-la, o material disposto por cima, não é suposto haverem toalhas a cobrirem secretárias num local de trabalho. E no entanto, aliso-a.
Acordo suado, o pijama colado ao corpo mas estou gelado.
Quero rir-me da estupidez do que sonhei mas não sou capaz.
Daqui a pouco menos de 3h vou ver o chefe.