4 de fevereiro de 2009

A vingança

Não consigo valer a minha opinião. Por mais que me esforce nos argumentos, na defesa dos meus fundamentos. Sinto que tudo o que já disse é matéria de riso, melhor, de troça. E fazem-no de uma forma mesquinha repetindo todas as últimas palavras de cada frase minha e imitando o meu tom de voz.
Irrito-me, falo alto, a reacção que provoco achincalha o que estava preso por um fio.
Ameaço, fecho as mãos, dou punhadas violentas sobre uma mesa de madeira que se vai lascando à medida da minha força. Injurio-os, digo todas as asneiras que conheço.
O riso aumenta.
Nunca vejo com quem me zango, mas isso não me preocupa.
Sei que tenho poder, uso-o, amaldiçoo quem me goza, desejo-lhes a morte.
Das gargalhadas sonoras passa-se a berros estridentes, ouço pedirem-me piedade.
Sinto felicidade por saber que sofrem e o gosto da vingança é bom, muito bom.
Acordo devagar, embora o coração bata descompassado e forte. Tento aperceber-me sobre a identidade daqueles que pereceram no meu sonho, mas não encontro cara nenhuma que me revele quem eram, porque me trataram daquela forma.
Tenho um gosto amargo na boca, apercebo-me que me mordi e sangro.

2 comentários:

Alexandra disse...

Ou seja, a defesa quando a integridade, mm q psicológica, é posta em causa!

Violenta? Sem dúvida! Mas os pesadelos nunca têm a passividade como companheira.

Vim do "Voando por aí" e acabei lendo alguns dos textos. Gostei e voltarei.

Teresa Durães disse...

dizem que nos vingamos nos sonhos quando não consegumos fazer acordados. Soltamos a agressão