3 de fevereiro de 2009

Nem tudo é trabalho

A fadiga acaba por falar mais alto.
Ao rever umas últimas notas sobre um relatório perdi a noção do meu corpo e adormeci. Papéis para um lado, o portátil aberto, a caneta caída algures.
Apareceu envolta numa mescla de cores em espiral, primeiro as mãos a passarem do ecrã para fora, muito próximas de mim, da minha gravata mais exactamente. Encolhi-me. Mas chegaram lentamente ao meu peito, as mãos espalmadas sobre a camisa, senti-as a afagarem-me os mamilos suave mas insistentemente. Depois abriu-me a camisa sem me desapertar os botões, sem me tirar a gravata, acariciou-me, brincou com os pêlos enrolando-os em pequeninos círculos, eram só mãos. E eu cravado no sofá, as costas a fazerem uma força contida para que não se apercebesse da minha aflição e surpresa.
Segurou-me o pescoço, as minhas mãos agarradas àquelas mãos.
E do ecrã surgiu todo o corpo dela. Como se fosse de borracha ou de um liquido espesso que se moldou rápido numa mulher perfeita.
Reconheci-a. Era a interprete que serviu de comunicadora na minha viagem.
Senti um certo alivio...
Sentou-se engatada no meu colo, a saia muito apertada vincou-lhe as coxas e mostrou um cinto de ligas onde estava preso um bloco de notas e um lápis tremendamente afiado. Retirou-o num gesto de mulher fatal e de lábios muito, muito vermelhos molhou-o na ponta e disse-me roucamente bitte...
Despertei com o som do telemóvel. Demorei um pouco a atender, sentía-me atordoado.
Do lado de lá uma voz quase mecânica a querer vender-me um cartão de crédito.

1 comentário:

The Perfect Stranger disse...

malditos cartões de crédito...
parar um sonho desses.

tens um selo blog maneiro. vai buscar.
pela imaginação
boas!