Escrevo aqui tudo o que sinto, o que me incomoda e o que me satisfaz. É um acto orgânico, tão necessário como comer. Passou igualmente a ser um vicio, pois quando não o faço tomo notas, seja em que papel for ou até em circunstâncias que parecem menos próprias.
Passei a aceitar este lugar como a extensão de mim mesmo. E os outros também: Incentivam-me, pedem-me conselhos como orientar a sua vida, preocupam-se quando não está actualizado e até o chefe já me disse que me tornei outro homem desde que criei isto.
É tudo verdade.
Há uma clarividência nos meus actos, não me engano nem tomo atitudes incorrectas. Creio que tenho um dom e ele foi-me revelado através do blog.
Só tenho que escrever, escrever sempre muito e todos os dias. Sei de antemão quando aqui me visitam e pedem que os visite. Sinto que faço parte da vida deles e eles contam comigo, não posso falhar.
Mas começo a ter medo. Medo de não conseguir dormir e não sonhar ou deixar de ter pesadelos. Se a insónia aparecer lá se vai a galinha dos ovos de ouro, ou seja a estima e consideração que me reservam, a inspiração que serve de inspiração aos outros.
Acordo transpirado.
Abro a janela. Está uma lua enorme e amarela lá no alto. Por instantes fecho os olhos, a imagem é tão misteriosa que me pergunto se o que vejo é ainda o sonho, uma alucinação ou é mesmo a noite com a lua tão cheia.
Desligo o portátil que ficou esquecido no sleeptime.