9 de fevereiro de 2009

Soluções

Nado como se o ambiente liquido sempre tenha sido o meu, sem aflições para respirar, falo, gesticulo, caminho na água. É tudo verde. Um verde transparente que me faz lembrar gelatina.
Sei que penso em gelatina. E a água já não é água é gelatina, densa, algum esforço para a atravessar, chegar a algum lado.
Resolvo comer os pedaços que estão adiante da minha cara, faço-o naturalmente, desbravo o que me empecilha avançar, acho-me esperto, tão sagaz a resolver problemas. Vou sempre caminhando até me encontrar numa floresta, a folhagem muito apertada entre si como uma rede fina, uso os braços, os pés, esgaço este tecido vegetal à primeira, sinto-me rei, uma calma que me enleva e me faz subir os pés do chão.
Caminho sim, mas pelo ar, um palmo junto ao solo sem o tocar sequer com a ponta dos dedos. Olho-me, estou descalço, há areia quente em baixo, sinto-lhe o calor, depois a aproximação da água, de novo dentro dela e repito tudo, experimento vezes sem conta os elementos, sei-os de cor.
O despertador tocou, estiquei o braço, desliguei-o, levantei-me. Senti-me calmo, tão calmo e capaz de enfrentar tudo lá fora.

1 comentário:

Alexandra disse...

O meio aquoso primário que nos trouxe paz e a sempre almejada segurança que continuamos numa procura desenfreada pelas nossas vidas fora.

Segurança perdida? Não! Por vezes temos o prazer de lá voltar.

Um dia também terei que lhe agradecer. Permita-me mais um tempinho e saberá a razão.

Continuação de BONS SONHOS e boa semana.