18 de fevereiro de 2009

Ela abraçou-me

Deito-me em posição fetal, parece-me que não caberei na cama de outra forma, encolho-me porque a cama encolheu, a roupa que me cobre é pequena, sei que vou passar frio.
Junto os joelhos ao queixo, abraço-me, sinto-me desconfortável, se adoptar outra posição caio, a cama há-de encolher ainda mais.
Não estou sózinho, sinto-o, mas se me mexer sei o que acontece, fico muito quieto.
É quando as mãos dela me traçam pelo peito e me aconchegam a si, os seios dela nas minhas costas, a barriga, as pernas tornam-se uma sensação quente, boa, de alivio, a cama aumenta, temos espaço.
Permaneço abraçado por esta mulher desconhecida, quero-lhe bem, quero-a sempre na minha cama, quero amá-la como um homem quer uma mulher, não me importa não lhe conhecer o rosto.
Penetro-a, devagar, sinto todo o meu sexo a entrar sem fim, sempre, continuadamente.
Tenho um prazer intenso por saber que ela o tem, mesmo sem lhe ver a cara, espero que ela atinga o orgasmo, depois eu, espero tudo e há sempre aquela sensação de estar a entrar nela devagar, uma coisa infinita, sublime.
A mulher nas minhas costas aperta-me o peito, não sei como a cópula se deu estando ela nas minhas costas, volto-me e vejo a mulher do retrato.

2 comentários:

Alexandra disse...

Quando nos sentimos desconfortáveis e desprotegidos é agradável ter alguém ao lado que nos aconchegue.

Bonito sonho! Lembre-se da simbologia.

Marina disse...

Composição: Chico Buarque / Vinícius de Morais

Um dia, ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto, convidou-a pra rodar
E então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça, foram para a praça e começaram a se abraçar
E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu
Em paz