30 de março de 2009

A viagem

A viagem fez-se normal, os meus receios habituais sobre os aviões foram isso mesmo: Habituais.
Para além destes, a expectativa sobre o hotel, o quarto. Eu sei que pensar demasiado no que estará para chegar é um pouco como o perú e morrer de véspera, mas se as minhas noites são o que são num ambiente que me é familiar, não se pode achar descabido que as adivinhe hostis num sitio que não é o meu.
A primeira noite, fria, muito, muito fria, entregou-me uma insónia daquelas de estalar.
Havía um silêncio que se ouvía. Um silêncio frio, quase morto, quase nada.
De repente senti-me o único vivo daquele hotel, nada se escutava, nem água a correr nas torneiras, nem pés cuidadosos de empregados, tão pouco alguém que se animasse num quarto perto.
Quando chegou a hora de abrir a porta, quase estranhei ver outras pessoas na sua rotina habitual. O meu colega elogiou o sossego, a noite bem dormida e o consequente sucesso garantido na reunião que iríamos ter. Fui incapaz de lhe revelar como fora a minha noite.
E por isso mesmo, resolvi todas as noites tomar notas sobre as minhas noites.
Não são textos literários, são apontamentos sobre o meu comportamento, o que me rodeou, os sonhos e claro, os pesadelos.

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