14 de janeiro de 2009

Domus

A máquina de lavar sempre que entra no ciclo da centrifugação, parece confrontar-se com um tiroteio. Dá um solavanco e depois gira num ruído tremendo do que se assemelha a vários disparos. Temo que um dia destes avance, se desloque do seu lugar, me persiga cozinha fora. Resumindo: Se avarie de vez.
Enfrentei-a corajosamente.
O tambor revolteava-se furiosamente, toda a estrutura branca a vibrar e os pequenos botões a acenderem intermitentemente uma luzinha vermelha.
Mantive a minha postura, encarei-a para lhe fazer ver que não a receava, eu sou o dono da casa, da cozinha, dela.
Avançou deslizando grotescamente para mim, enviuzada, ofendendo-me de quina, mirando-me desafiadoramente nos seus leds incendiados. Ficámos a medir forças e num repente ela deu um salto e tentou atacar-me.
Foi com uma agilidade enorme que me encavalitei no seu topo, cavalguei-a, os calcanhares apertando toda a estrutura metálica branca, dobrado, vergado e selado como uma verdadeira montada.
Feliz da minha supremacía vi-me como um genuíno cowboy domesticando um touro mecânico.
Divertía-me!
E depois já era a batedeira e a seguir a torradeira e até a máquina expresso!
Todas elas eu montei e dominei habilmente, era-me possível ser o vaqueiro de todos os electrodomésticos fosse qual fosse a sua dimensão.
Despertei com um sorriso... agarrado ao lençol e ao edredon como rédeas que se seguram na arte de bem cavalgar. Durante todo o dia assaltou-me a lembrança deste sonho e fez-me rir baixinho.
Eu sei que é um sonho, mas fiquei contente comigo mesmo!

1 comentário:

Teresa Durães disse...

ahahah gostei bastante deste sonho!