8 de dezembro de 2008

Palhaço

Não sei como começou.
Só sei que eu já estava naquela figura endiabrada de puxar as bochechas, deitar a lingua de fora, doutras enrolava as mãos e fazía uns óculos redondos formado pelos dedos e colocava-os à frente dos olhos, imitando com a boca o barulho de uma avioneta, ainda numa outra deixava pender uma fio de saliva que escorría pelo queixo.
Toda a gente ría.
E eu fazía ainda pior: quando o chefe voltava costas, atiçava-lhe uma par de cornos bem espetados pelos dedos indicador e mindinho ou então, levantava-me da minha mesa e perseguía-o imitando o seu caminhar. Quando ele se apercebía que eu estava na sua cola, eu disfarçava (mal) que apanhava qualquer coisa do chão ou olhava para o tecto, e tão insistentemente que o homem acabava também por dirigir para aí o seu olhar.
Alguns colegas batíam palmas à minha momice e eu agradecía com um flectir gentil de joelhos, puxando o forro das algibeiras para fora, rematando que o elefantezinho ficava muito grato mas não tocava o badalo do sino...
Acordei na minha própria gargalhada.
E ainda estive a rir baixinho algum tempo, não fosse o silêncio do quarto despertar e ir contar a alguém os sonhos bizarros que tenho.

1 comentário:

Teresa Durães disse...

ainba bem que nos sonhos podemos fazer o que queremos!