1 de dezembro de 2008

Pai Natal

Acreditei no Pai Natal até muito tarde. Acho que quería acreditar. Quando finalmente dei ouvidos aos amigos e os meus pais me confirmaram que era tudo uma invenção, o Natal acabou para mim. Deixei de sentir aquela ansiedade de ir para a cama e esperar pela madrugada do dia 25 para ver com que fora presenteado. O fascinio da surpresa era tudo e sem aquela mentira, passou tudo a ser mentira.
Desde a música na rádio, às iluminações na rua, aos pais natais de plásticos pendurados nas varandas como enforcados ou assaltantes, à correría para os centros comerciais tudo me alerta para o louco Dezembro. Mas a verdade é que me passa à margem, não ligo, gosto dos feriados e ponto.
Deitei-me tranquilo, saber o despertador mudo agradou-me, mandriar na cama no dia seguinte ainda me satisfez mais.
Dei com ele na minha sala a mexer em tudo. Chamei-lhe a atenção e pedi-lhe que saísse. Não me ligou, agarrei-o por um braço e puxei-o para fora, repetindo a ordem de rua. Ameaçou-me com a sua figura barriguda, cresceu desmesuradamente ao ponto de vergar o pescoço para não bater no tecto. Não me intimidei, chamei-lhe fraude e que a mim não me enganava. Atirou-me com a saca dos brinquedos, mas aquilo era macio e não me fez mossa nenhuma.
Saltei para cima da mesa de jantar e de dedo esticado, irónico e valente, disse-lhe que fosse dar uma volta ao bilhar grande.
O Pai Natal enfureceu-se. Dobrou-se sobre mim. Agarrei-lhe a barba branca e encaracolada e fiquei em pânico quando uma mecha de cabelos me veio colada às mãos. Fiquei sem saber o que fazer.
Ele nada dizía, só estava inclinado sobre mim, como um boneco.
Achei que a vingança me apanharía de surpresa e num golpe de génio, atirei-me à cabeleira, às barbas, onde conseguisse segurar.
Pendurado e a usar de toda a minha força não percebía porque razão ele não reagía. Um nariz vermelho de bola, como o dos palhaços cresceu-lhe e eu aterrorizado, desatei a urrar. Arranquei-lhe a cabeça, o corpo de pé, enorme e bojudo e aquela cabeça a rolar pela minha sala, o nariz vermelho a aparecer de quando em vez.
Acordei. Levantei-me e fui à sala. Tudo escuro, silencioso. Acendi a luz, tudo normal.
Sentei-me no sofá e aí fiquei até tremer de frio.

4 comentários:

X disse...

Sei lá...

ninguém para cuidar da imagem do blog
ninguém

não percebemos como se faz
mudamos templates, mas são muito antigas
o orçamento que nos desponibilizaram não dá para comprar templates, nem som, nem nada.

pai natal, falas em Pai Natal, oferece-nos! pois...

oferece a ti próprio "Os contemporâneos", a primeira serie estará à venda na FNAC, a partir de dia 4.

vês. somos bons em marketing, mas tesos. tesos...

boa

noite

uaauuuuuuu

X disse...

the look of love
is in your eyes
a look your smile
can't desguise
the look of love is saying
so much more than words can ever say...

sei lá

coisas..

Teresa Durães disse...

também dixei de gostar do pai natal mas ainda não o despedacei :)

o Reverso disse...

é péssimo dizer às crianças que há pai natal.
a descoberta dessa mentira...



mas somos ainda muito primários.