3 de dezembro de 2008

As ajudantes

Confessei a um amigo os meus pesadelos com a figura do pai natal. Ele riu-se. Tentei que ele entendesse o quanto aquilo me angustía e me deixa mal mesmo depois de estar desperto. Aconselhou-me: que não negasse o simpático velhote, isso era tudo traumas da infância; e se isso não me bastasse, que pensasse nas belas jovens que costumam ajudá-lo, com aqueles fatinhos curtos, perna à vista, carapuço de pompom...
Calei-me, ninguém entende a aflição por que passo.
É tudo tão real, sensorial.
Quando me deitei, recordei-me da nossa conversa. Temi que aquilo se tornasse sonho e quase desejei ter uma das minhas insónias para não ter de passar outra vez pelo mesmo terror.
Sentei-me na minha secretária, papéis, telefonemas, o expediente normal. Chegaram duas meninas vestidas de pai natal. Fizeram-me cócegas com os arminhos dos fatos, risinhos baixos.
Eu só olhava ao redor, toda a gente a trabalhar sem me prestar atenção.
Abriram os fatos e uma delas sentou-se de pernas afastadas na minha mesa. Nua. A outra atiçava-me, perguntava se eu não quería brincar, se não gostava de brincar. Eu, cheio de vontade mas renitente, envergonhado perante os outros que estavam na sala, desconfiado também.
Trocaram de posições. Insistíam, levavam as minhas mãos ao corpo que se oferecía, um sexo exibido sem pejo, e a outra sempre a incitar-me.
Atirei-me de boca, as duas a gemerem em uníssono e eu cada vez a sentir um gozo maior.
O meu amigo aproximou-se e exigiu a sua parte na festa, que ele é que tinha falado delas. Copulou uma das meninas, eu a ver, e ele no acto sempre a dizer o mesmo, então isto faz algum medo? Isto faz algum medo? isto faz algum medo?
Não hesitei mais, entrei nela, demorei-me, era uma coisa sem fim, de prazer longo, fundo, vagaroso. Muito saboroso. Apertado, quente, quase sentía uma náusea de tão bom.
Quando dei conta, estávamos apenas os dois, os outros havíam desaparecido, a secretária, o escritório tinham-se evaporado, a minha cama recebía-nos confortavelmente, eu confortavelmente no meio das coxas dela, sempre vestida com aquele fatinho vermelho cheio de arminhos brancos.
Acordei tão tranquilo que me voltei para o outro lado e rápido voltei a adormecer.

1 comentário:

Teresa Durães disse...

pena que o pai natal não tenha ajudantes dessas!