3 de novembro de 2008

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Branco como a neve. Tudo branco. Sem árvores, sem casas, sem gente, uma imensidão de branco que se alteia em pequenos montes e desce em linhas suves em vales brancos.
A única cor no meio daquele branco luminoso sou eu. A minha pele, os meus sapatos, a minha camisa de quadrados, contrastam garridamente sobre toda esta mancha.
Caminho, deixo pegadas brancas.
E de repente reparo que as minhas próprias pegadas se adiantam a mim, conduzem-me, assinalam um caminho que sigo sem qualquer hesitação.
Sinto paz. Um silêncio absoluto, calmo que se entranha.
Chego a uma casa branca. Tudo é branco lá dentro, não há porta, faço-me convidado.
E encontro gente, tanta gente que já morreu.
Abraço-os, choro.
Mas eles estão felizes, tranquilos, aquietam-me, celebram a minha visita.
Não há muito diálogo, é mais os olhares, o sentir as mãos deles, mornas, sempre mornas e macias, os abraços tão apertados...
Acordo.
Recordo o rosto de cada um deles, sinto saudades. Mas sorrio.
Onde quer que estejam, sinto dentro de mim, que este foi um recado.

2 comentários:

o Reverso disse...

mudaste a canção de embalar ou sou eu que já sonho coisas...?

Alexandra disse...

O branco... finalmente a paz!!!