2 de novembro de 2008

En(Cantar)-Versão 2

Sala cheia.
Mesas pequenas redondas, toalhas de veludo pesado da cor do vinho. Média luz. Fumo. Mulheres ofuscam com as jóias em pescoços altos e esguios, vestidos de soirée. Os homens estão de fato preto.
Eu também. E de laço de seda negra, brilhantina, rubi no dedo mindinho.
Aparece o mestre de cerimónias e anuncia a próxima estrela.
Sou eu.
A sala levanta-se dirigida a mim numa ovação que dura por vários segundos. Algumas mulheres beijam-me o rosto, deixam-me marcas de baton vermelhissimo.
Incitam-me a subir até ao palco.
Levanto-me.
E reparo que estou de fato e de calças de pijama.
Fico aflito, quero fugir dali, mas as palmas continuam cada vez mais estaladas, mais ruidosas.
Grito.
Desperto com o meu próprio berro, assustadissimo.
Salto da cama e não me deito mais com medo de adormecer e voltar àquela sala.

1 comentário:

Teresa Durães disse...

teria de ser um sonho daqueles onde as situações nos surpreendem