23 de novembro de 2008

Ajuda-me!

Estou sentado no parapeito de uma janela que fica à face com a verticalidade do prédio. Espreito, de dedos cravados como garras, vejo um revestimento de azulejos azul e branco, alguns amarelos, florões ou melhor, quadrados de flores de lis.
Não sei como vim aqui parar, sinto vertigens. De repente reconheço a janela, os azulejos de outros sonhos, digo para mim mesmo que isto é apenas um sonho e basta acordar para saír desta posição instável.
Tanto tenho medo como tenho uma atracção que me puxa para me debruçar e caír.
Questiono-me quanto ao que possa fazer, sinto medo, um medo que me paralisa.
Os cortinados de gaze branca ondulam e batem-me na cara, prendem-se na barba, sacudo a cabeça, sinto-me asfixiar, sinto que alguém invisivel me quer fazer mal.
Grito pela minha mãe, uma, duas vezes.
Ela responde-me ao longe, sem se aproximar da minha aflição.
Insisto para que me ajude, que me puxe para dentro de casa.
Num repente ela está ao meu lado, do lado de dentro. Se se encostar a mim atira-me lá para baixo.
Peço-lhe novamente e já num tom de piedade que me ajude, que me ajude... Mas ela afasta-se e diz-me que eu tenho de aprender sózinho e apenas por mim a resolver as coisas, de outra forma nunca aprenderei.
Grito por ela que desapareceu completamente.
O sobressalto da queda desperta-me.
Tenho saudades da minha mãe. Tenho uma tristeza imensa dentro de mim por ela me ter abandonado no meu sonho.
Amarguro-me.
Todo o dia uma dor sem explicação me abranda o bater do coração, tudo me deprime.

1 comentário:

Alexandra disse...

Este foi muito forte!!!

E, foi natural ter-se sentido assim durante o dia...