28 de outubro de 2008

Recados

Alguém à minha frente, muito, muito próximo de mim conta-me qualquer coisa que não entendo. Desonheço se homem ou mulher, apenas sobressai uma boca bem desenhada, cor de romã. Vejo a boca a articular-se mas não percebo som algum. Repete indefinidamente as mesmas palavras, sei pelo movimento dos lábios, mas não consigo ler o que a boca quer dizer.
Peço-lhe que fale, que diga alto e bom som o que me quer dizer, que não a ouço.
Aparece então, nitida, a imagem dessa pessoa e sei agora que se trata de uma mulher, toda vestida de branco, quase uma transparência, pois consigo avistar através do seu corpo um cenário por detrás com nuvens, árvores, um riacho e ainda, aperceber-se dos seus seios, da sua púbis, o contorno das pernas, a curva das ancas.
De alguma maneira sinto-me intimo desta figura, sei que a posso abraçar, até levantar o vestido.
Mas quando a vou agarrar dispara-me nos olhos um milhão de cores, como se fosse uma bola que gira continuadamente até me cegar pela intensidade do colorido.
Ouço então a frase que até há pouco não percebía: "Procura-me, tenho saudades de ti."
Acordo sobressaltado como se me chamassem aos gritos e sacudidelas.
Ouço o telefone tocar. Hesito entre a realidade e a permanência deste sonho.
A insistência do toque tira-me as duvidas, atendo.
Do outro lado uma antiga colega de Faculdade, risos, que já tería incomodado todos da lista telefónica com o meu apelido até dar comigo. Diz que tem saudades de me rever; Que está a organizar um encontro de antigos alunos; Que só faltava eu.
Depois de desligar fico parado no tempo a pensar se ela terá mudado muito... era a menina mais linda do meu Curso. Recordo os beijinhos que trocámos...

Sem comentários: