27 de outubro de 2008

Dominó

O brilhante da seda negra atrai.
Estou vestido de Dominó. Sou enorme, mais de 2mts. de alto. Avisto os outros que me parecem demasiado pequenos em relação à minha estatura. Movimento-me com graça, todos comentam à minha passagem, abrem alas num corredor de personagens entre damas de anquinhas postiças e cavaleiros emplumados.
Sento-me num trono ricamente paramentado de veludo vermelho.
Sou uma espécie de Rei que não desvenda o rosto.
Tenho o poder sobre os meus súbditos, sinto-o, temem-me pelo mistério e pela figura de autoridade.
Faço um gesto com a mão enluvada de negro.
Todas as damas se viram de costas. Constato que apenas estavam vestidas de frente, atrás estão completamente desnudas, as meias altas terminadas por rendas e laçarotes chamam ainda mais a atenção para as nádegas rosadas que me exibem ao dobrarem-se gentilmente.
Sei que é tudo meu, basta um gesto meu para ter de bandeja qualquer daquelas que se me oferece. Levanto-me e banqueteio-me a bel prazer, sem nunca desvendar a minha identidade e perder a pose de soberano.
Acordo, dá-me vontade de rir.
Quase me sinto um malandro. Mas de barriga cheia. Volto-me para o outro lado e desejo voltar a adormecer pegando na ponta do sonho que deixei. Agora espero que se voltem de frente.

1 comentário:

Alexandra disse...

LOLLLLL Afinal, nem tudo é mau!!!