21 de outubro de 2008

Intermezzo

Não conheço o sitio e no entanto, encontro esquinas de ruas que me são familiares, passeios que me dizem eu já lá ter passado. Tudo é nebuloso, cinzento, pesado, dificulta ver além a espécie de cortina que se abate adiante de meus pés.
Sei que procuro alguém e não encontro.
Parece que giro num passo vicioso pois volto sempre ao mesmo lugar.
Afligo-me por ver o tempo passar e não dar com a pessoa que procuro. Sinto uma enorme pressão no peito como se o cinzento que se alastra me pusesse um pé com força por cima do coração.
O tempo passa e eu sempre naquela caminhada infinita. Pressinto-me perto de quem busco, muito perto, quase estico o braço e a agarro mas por uma qualquer razão não a alcanço e a pessoa não me ouve.
Os meus chamamentos adensam-se num som lento e distorcido.
Sufoco.
Acordo.
Sinto o ar a faltar-me.
Vejo as horas.
Destapo-me, tenho calor, fico uns segundos de olhos abertos a pensar no pesadelo, sinto-me incomodado.
Corro.
Através da cor cinzenta e pastosa, parece uma geléia que me deixa prosseguir com dificuldade.
Entrei em desespero total à procura da mesma pessoa, sinto-me atrasado, encontro gente sem cara mas isso não me assusta, só quero encontrar aquela pessoa e é essa mesmo que desapareceu por completo.
Tenho medo, sinto um medo tão grande que choro, choro muito, choro e ainda corro.
Acordo.
Estou gelado e alagado em suor.
Sinto um quase pânico de voltar a adormecer e pela terceira vez pegar no mesmo pesadelo...

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