14 de outubro de 2008

Caír, caír e caír

Caio.
Desamparado, de costas para o chão ainda longe, afasto-me da janela onde me debrucei e nesta queda livre vejo-me ainda lá em cima, grito, tento avisar-me para não me pendurar tanto, aceno, tenho chamar a atenção de mim mesmo para o que me está a acontecer...
Bato com força no chão. Antes de morrer vejo-me a caír.
Desamparado, a gritar por socorro, a tentar dar aos braços e às pernas para inverter o sentido da queda.
Desisto. Olho para a janela e vejo-me a assomar, a rir. Grito tudo quanto posso para evitar o que sei que vai acontecer.
Volto a caír.
Acordo, sentado na cama, encharcado em suor, a arfar, uma aflição que me faz levantar de um salto e a andar pelo quarto, rápido, sentir os pés na madeira bem firme.
Grito.
Recorrentemente caio, morro, vejo-me a caír e a morrer de novo.

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