15 de julho de 2009

Longe e sózinho

Agarro as abas do casaco, puxo a gola ao pescoço, o vento é tanto, sinto frio, tenho vontade de chorar mas não é da ventania que me bate nos olhos, são saudades.
A rua está deserta.
É só uma rua cinzenta, larga, uma avenida que aos poucos e conforme a desço se vai alastrando, os passeios de um extremo ao outro cada vez mais distantes.
É só uma rua e eu.
Estranho não haver prédios, carros, gente, barulho. Talvez encontre as crianças que costumam brincar no passeio, aí estarei a salvo, sei que não estarei perdido.
Mas o vento é tanto que quanto mais ando mais longe fico. Para onde vou não sei, choro, tenho saudades de tudo, principalmente de mim, parece que me perdi no outro passeio mas está tudo tão distante que não consigo avistar-me.
É só uma rua, uma rua que me engole e me entrega ao anonimato completo.
Choro, quero ser alguém, quero encontrar-me outra vez, a partir daí sei que encontro os miudos e tudo estará correcto, certo, o vendaval pára e volto a sentir a brisa morna que costuma haver nesta rua cinzenta.
Desperto ofegante, ainda a gemer e a choramingar.
Estou longe de casa, longe de tudo. Acho que tenho medo.

10 comentários:

Teresa Durães disse...

não sei porque tantos sonhos não têm pessoas à nossa volta. deve ser mesmo falta de identificação do nosso mundo

antonio ganhão disse...

Longe e sem que uma brisa nos tivesse levado até lá...

Alexandra disse...

Olá A.

Normalmente o medo acompanha-nos em muitas ocasiões. Mas acentua-se em alturas em que nos afastamos do que nos é familiar. O frio, o vento, o barulho produzido pelo mesmo conjugam-se com a sensação de estar perdido. A própria rua se transforma...o que poderá significar perca de referência...

Sem duvida um pesadelo que transtorna pela sua grande carga.

o Reverso disse...

vês este papagaio de papel!? foi para ti que o fiz. é um papagaio mágico e só tu podes ve-lo. pois, foi para ti que o fiz. toma, agarra no cordel. o vento do teu sonho é forte e está de feição. não largues o cordel, sobe, sobe.

vês, o medo está a desaparecer, as nuvens estão mornas e macias. vá. podes acordar agora. vês, o papagaio está aí ao teu lado.


sempre de houver vento segura a guita e sobe.

Frioleiras disse...

quem pensa... não vive !

abraços...............

o Reverso disse...

há muito tempo que foi 15 de julho...

o Reverso disse...

ps-nunca mais tiveste um pesadelo? que pena...

o Reverso disse...

ps 2 - ou um simples sonho?!

o Reverso disse...

.............

ainda se,


ao menos,

o miúdo que há em mim...

mas não, ele adormeceu há muito e tenho medo que, se o acordar, ele seja já adulto.

choro,
às vezes...

Alexandra disse...

Para quando o regresso????

Um abraço.

Alexandra