1 de maio de 2009

Com assinatura

Lá fora o cão, umas pessoas que riem alto e guincham, o som baço do rádio do carro que martela um ritmo constante. Dói-me a cabeça. Dói-me a cabeça como se fosse explodir. Lembro-me de um pesadelo recorrente que me aflige até às lágrimas, em que jorro sangue sem conseguir descobrir por onde. Acabo por perecer não pelo esvaír mas por me afogar no meu próprio sangue.
Quase temo que a cabeça me exploda e o sangue suje as paredes.
Esta noite, como de há quinze dias para cá a insónia. A maldita insónia.
Desta vez sei qual é a causa para não conseguir dormir. O bizarro disto tudo foi ter ido à procura de razões para a origem da insónia, achar que ao descobri-las era a solução para acabar de vez com elas. Ou pelo menos, entender o meu pesadelo da rua cinzenta.
No fundo, bem cá no fundo acho que sempre soube. Talvez por isso tenha arranjado desculpas para mim próprio para não encarar aquilo que inconscientemente já sabía.
Não se trata de intuições, sextos sentidos nem premonições. Não sou dado a esse tipo de coisas e na verdade nem sei se acredito nelas, mas cá dentro de mim havía qualquer coisa que me atrasava...
Saber agora que o meu amigo de infância morreu em 2006 foi e é, um duro golpe.
Não vou aqui contar o como, não altera nada e devo-lhe a ele e a mim também essa privacidade.
Não sei se me dói a cabeça por não conseguir dormir se por fazer tanta força para me lembrar do rosto dele e não conseguir.



PS.: O som é para ti B.

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